A equipe do JE tem um bate-papo com a atual
prefeita Tina Monteles, a qual comentou sobre a política anapuruense, as
eleições que estão por vir, e fez alguns esclarecimentos sobre a Cidade.
JE
- A sociedade comenta que a senhora não estará possibilitada a disputar as
eleições deste ano, pois, segundo comentários que
circulam na cidade, contas foram rejeitadas referentes ao seu primeiro mandato.
Essas informações são realmente verdadeiras? Hoje, a senhora é pré-candidata a
reeleição? E se a senhora não puder ser candidata, quem irá substituí-la?
Tina Monteles
- Comentários não são coisas verdadeiras, e comentários de rua não se leva à
casa e a lugar nenhum. Na verdade eu nunca pude deixar de ser candidata, até
porque, quem julga as contas de todos os municípios é o Tribunal de Contas, mas
quem define é a Câmara Municipal do município. Existem também as contas
sanáveis e não sanáveis, onde sanáveis são as que podem ainda ser
regularizadas, e as não-sanáveis são os casos que não se pode recorrer na
justiça eleitoral. No meu caso, as contas eram sanáveis, e com isso o tribunal
de contas me disponibilizou um determinado prazo para que pudesse regularizar
os documentos necessários, e isso já foi feito, pois tive total aprovação da Câmara
Municipal.
JE
- O que levou a senhora a se candidatar novamente as eleições?
Tina Monteles
- Muitas causas. A primeira porque não concluí um trabalho e tenho muitos
projetos para Anapurus. Sempre digo nas reuniões de prefeitos que sou prefeita
de uma cidade pobre, porque se eu fosse gestora de um município maior e de
ricas condições tudo seria diferente, pois planos, projetos e trabalhos eu
tenho. Sou uma mulher de garra, de trabalho, e sou preparada, mas infelizmente
somos freadas pelas situações do governo. Com o meu atual cargo tenho sonhos e vontades
para a cidade. Eu ainda não terminei meu trabalho, porque tudo que deixei pronto
na minha gestão anterior foi destruído, e com isso tive que reconstruir
novamente.
JE
- Na atual conjuntura política
anapuruense, a senhora prevê uma eleição mais disputada do que a anterior?
Tina Monteles
- Não. Todas as eleições municipais são mais disputadas do que as de
governador, senador, deputado etc. As eleições municipais anapuruenses são
muito acirradas e as pessoas precisam aprender a se definir, para que elas
vejam quem merece o título para ocupar o cargo, ou seja, escolher
representantes que tenham serviços prestados à nossa Cidade.
JE
- Fazendo uma análise do seu primeiro governo, a senhora crê que isso vai ser
um ponto positivo para sua candidatura?
Tina Monteles
- Não, porque cada candidatura é uma candidatura diferente da outra, e cada
governo também é diferente. Quando nós temos que realizar um trabalho em um
determinado setor inferior, temos que fazer bem feito, pois amanhã você adquire
mais conhecimento e você vai trabalhar em outro setor mais importante; então
você tem uma aprendizagem maior, com mais experiência, conhecimento e
desenvoltura para chegar a qualquer lugar e desenvolver muito mais. Hoje nós
somos gerenciadores do governo, nós somos gerenciadores do município e do
dinheiro público. Então os prefeitos são apenas gestores. Cada dia está ficando
como se fosse uma empresa, um trabalho que você precisa ter mais
responsabilidade e cuidado, nós somos vigiados 24 horas por dia por todos os
tribunais, além dos perseguidores, que, às vezes, não compreendem as leis e
fazem “politicagem”, porque o que nós precisamos é que as pessoas tenham
consciência do que é trabalhar e do que é criticar, porque criticar é muito
fácil, agora sentar e ter a responsabilidade e dever cumprido é outra coisa.
JE
- Em Anapurus, o ano letivo sempre foi iniciado tardiamente e isso perdurou até
os dias atuais. O que impossibilita a iniciação do ano letivo na data regular?
Tina Monteles
- Não é só em Anapurus que acontece isso, e sim em todos os municípios do
Brasil. Não inicia tardiamente, e sim porque todos os finais de cada semestre,
nós precisamos fazer um levantamento para o melhoramento das escolas. Nós
pedimos para o secretário de educação do estado pelo FNDE (Fundo Nacional de
Educação), o processo de licitação, e essa licitação demora. É por isso o motivo
das aulas se iniciarem um pouco tarde, mas serão compensadas nos meses de junho
e julho.
JE
- A gestão anterior divulgava constantemente a aquisição de equipamentos para realização
de exames de raio-x. O seu governo também fez a mesma exaltação. Por que, até o
momento, a sala de raio-x nunca foi
utilizada?
Tina Monteles
- O primeiro motivo foi que deixei R$200000,00 (duzentos mil reais) para a
compra de equipamentos, incluindo raio-x e ultrassom para laboratório de
análises clínicas. Anapurus tem somente 14 ou 15 mil habitantes, e em todas as
cidades com menos de 20 mil habitantes há saúde básica, e não plena. Saúde
Plena é para cidades com mais de 20 mil habitantes, ou seja, sua capacidade
inter-hospitalar é melhor. Saúde básica é aquela que faz os pequenos procedimentos
e que o município não pode realizar cirurgias; mas nós realizamos, pois
consegui uma liberação do Estado. Na gestão anterior, quando eu deixei esses
recursos ao governo para que ele pudesse comprar os equipamentos, o mesmo não
comprou equipamentos de qualidade, pois não fez a compra diretamente do
representante, como deveria ser. Assim, compraram equipamentos de má qualidade.
O que aconteceu, é que eles compraram aparelhos velhos e usados, e quando a
inspeção do SUS (Sistema Único de Saúde) chegou, concluíram que a sala estava
impossibilitada de realizar os procedimentos que ali estavam sendo feitos. Isso
fez com que a sala de raio-x fosse fechada.
JE
- Algumas edições do Jornal Estudantil retrataram a situação por que passa o
esporte anapuruense. E isso está diretamente ligado às más condições dos
centros esportivos da cidade, ou seja, a quadra poliesportiva Lindoval Vieira e
o Estádio Batistão. Como atual gestora, qual a explicação que a senhora dá a
sociedade sobre a falta de investimentos nessa área?
Tina Monteles
- Isso já vem desde a gestão anterior. Eu tenho que construir imediatamente o
Ginásio Poliesportivo, que ficou dilapidado e sem prestações de contas. Entrei
na justiça para poder terminar o Ginásio, que eles não concluíram. Fizeram uma
obra inacabada. Também tenho que reconstruir o Estádio, que é o sonho do meu
marido. Novamente, eles começaram as obras e não concluíram, e por isso a Caixa
Econômica Federal não aceita de forma alguma nenhum governo reiniciar obras de
uma gestão passada, sem que o governo anterior preste suas contas. Passei um
ano e meio pedindo a liberação para que possamos terminar as obras, e só agora
que estou recebendo a documentação necessária.
JE
- Como você avalia o seu mandato, do período 2009 até hoje, e o que a senhora gostaria
de ter feito e não conseguiu nesse período?
Tina Monteles
- Eu fiz muita coisa, porque recuperei o meu mandato de quatro anos. Passei um
ano e meio prestando contas do governo anterior e tirando as inadimplências que
ficaram. Estou até hoje recebendo perseguições da justiça, e isso tudo desgasta
e cansa um administrador. Você gasta também para poder fazer seu trabalho, para
se defender da justiça por uma coisa injusta e ilegal que você não tenha feito.
Mas eles querem atrapalhar o governo a todo tempo. Pensaram que iam me
confundir, me denunciando para a justiça. Então acho que fiz muito, recuperando
de 2009 até agora todas as obras. A população viu como a prefeitura foi feita,
quem construiu e quem acabou com ela; fui eu quem reconstruiu tudo de novo. O hospital
também estava na mesma situação. Tive que reconstruí-lo novamente. Vocês estão
vendo o Centro de Saúde totalmente destruído, sendo que eu entreguei a eles, na
minha gestão anterior, sem nenhum defeito, e mais uma vez estou reconstruindo
para deixar para o povo. Reconstruí a Escola Nerci, pois a encontrei na mesma
situação das citadas anteriormente; e hoje está totalmente reformada. Ser um
gestor é pensar em crescer, multiplicar e continuar um trabalho.
JE
- Caso a senhora seja reeleita, quais seriam suas prioridades para o município
e qual a mensagem para a população anapuruense?
Tina Monteles
- No meu primeiro mandato só existiam seis poços artesianos. Logo após, recebi
dezoito poços e coloquei nos povoados; e mais adiante já tinha colocado vinte e
um. Quando passaram os quatro anos que deixei em 2004, não foi feito uma
cacimba. Os três poços que cavaram, deixaram “jogados”. Hoje, tenho doze poços
construídos, e vou partir para 15, 18,21 e 24 poços concluídos até o fim de meu
mandato, porque eu tenho o propósito na minha vida de deixar cada povoado com
energia elétrica e água potável; e nos povoados maiores colocarmos postos de
saúde. Assim estou fazendo. Já fiz três e estou fazendo o quarto na Vereda, e o
quinto no São Cosmos. Vou seguindo a minha caminhada, porque tenho o direito de
trabalhar até 31 de dezembro. Irei levar as minhas propostas, e o povo vai ver
se reconduz a mim ou não. A mensagem que eu tenho a dizer,é para que a
juventude não perca a fé e vontade, porque isto é o mais importante; crescendo,
multiplicando e procurando sempre os bons, pois se procurar as coisas ruis,
será pior.
JE
- O pré-candidato a vice-prefeito, o senhor Jandir Motter, afirmou em uma
entrevista ao JE, que a senhora não tem compromisso com a cidade, e que, quando
o povo necessita falar com a senhora, nunca consegue encontrá-la na prefeitura.
Qual a sua justificativa?
Tina Monteles
- Essa crítica destrutiva não me abate de forma alguma, até porque todo mundo
aqui me conhece e sabe que eu atendo todas as pessoas na minha casa, na rua e em
qualquer lugar. Eu nunca fui prefeita de dizer que tenho 10 seguranças e 50
vigias. Meu segurança é Deus, e também é um guia. Nos dias em que eu não estou
aqui, é impossível. Se eu não estiver na prefeitura, estou em algum lugar
resolvendo alguma coisa, buscando algo para a cidade. Além disso, ele não pode
dizer isso porque ele não é daqui; ele não conhece a política daqui e não
conhece a cultura do nosso Município. Quem conhece a nossa cultura somos nós,
que moramos aqui. Prefeito é aquele que trabalha; e o prefeito que não pode
ficar somente sentado aqui em um município pobre, pequeno e sem recurso; você
tem que buscar onde tem. Tudo está se modernizando, então todo prefeito tem que
se atualizar constantemente. Só posso dizer que não podemos dar ouvidos a essas
pessoas, pois são coisas pequenas, e coisas pequenas não abatem as maiores,
porque as coisas de Deus são mais importantes do que as coisas do demônio.
NOTA: Após o fechamento
dessa matéria, o TCE/MA divulgou uma lista com alguns nomes de políticos
considerados inelegíveis nas eleições deste ano. O nome da prefeita Cleomaltina
Moreira Monteles estava incluso na referida relação, entretanto, o TCE/MA reconheceu
que cometeu um equívoco nesse caso e divulgou uma nova lista na qual foi feita
uma retificação pelo Tribunal. Com esse novo posicionamento, a prefeita
Cleomaltina Moreira Monteles é excluída da lista de políticos que não poderão
disputar as eleições municipais deste ano.
Com reportagem de Fabrina Oliveira, Frank Matheus,
Jeicielle Mendes, Karina Bastos, Lilyane Sanny, Tatyelle Monteles e Viviane
Vieira.
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