sexta-feira, 29 de junho de 2012

ENTREVISTA À PREFEITA DE ANAPURUS, TINA MONTELES

A equipe do JE tem um bate-papo com a atual prefeita Tina Monteles, a qual comentou sobre a política anapuruense, as eleições que estão por vir, e fez alguns esclarecimentos sobre a Cidade.


JE - A sociedade comenta que a senhora não estará possibilitada a disputar as eleições deste ano, pois, segundo comentários que circulam na cidade, contas foram rejeitadas referentes ao seu primeiro mandato. Essas informações são realmente verdadeiras? Hoje, a senhora é pré-candidata a reeleição? E se a senhora não puder ser candidata, quem irá substituí-la?

Tina Monteles - Comentários não são coisas verdadeiras, e comentários de rua não se leva à casa e a lugar nenhum. Na verdade eu nunca pude deixar de ser candidata, até porque, quem julga as contas de todos os municípios é o Tribunal de Contas, mas quem define é a Câmara Municipal do município. Existem também as contas sanáveis e não sanáveis, onde sanáveis são as que podem ainda ser regularizadas, e as não-sanáveis são os casos que não se pode recorrer na justiça eleitoral. No meu caso, as contas eram sanáveis, e com isso o tribunal de contas me disponibilizou um determinado prazo para que pudesse regularizar os documentos necessários, e isso já foi feito, pois tive total aprovação da Câmara Municipal.


JE - O que levou a senhora a se candidatar novamente as eleições?

Tina Monteles - Muitas causas. A primeira porque não concluí um trabalho e tenho muitos projetos para Anapurus. Sempre digo nas reuniões de prefeitos que sou prefeita de uma cidade pobre, porque se eu fosse gestora de um município maior e de ricas condições tudo seria diferente, pois planos, projetos e trabalhos eu tenho. Sou uma mulher de garra, de trabalho, e sou preparada, mas infelizmente somos freadas pelas situações do governo. Com o meu atual cargo tenho sonhos e vontades para a cidade. Eu ainda não terminei meu trabalho, porque tudo que deixei pronto na minha gestão anterior foi destruído, e com isso tive que reconstruir novamente.


JE - Na atual conjuntura política anapuruense, a senhora prevê uma eleição mais disputada do que a anterior?

Tina Monteles - Não. Todas as eleições municipais são mais disputadas do que as de governador, senador, deputado etc. As eleições municipais anapuruenses são muito acirradas e as pessoas precisam aprender a se definir, para que elas vejam quem merece o título para ocupar o cargo, ou seja, escolher representantes que tenham serviços prestados à nossa Cidade.


JE - Fazendo uma análise do seu primeiro governo, a senhora crê que isso vai ser um ponto positivo para sua candidatura?

Tina Monteles - Não, porque cada candidatura é uma candidatura diferente da outra, e cada governo também é diferente. Quando nós temos que realizar um trabalho em um determinado setor inferior, temos que fazer bem feito, pois amanhã você adquire mais conhecimento e você vai trabalhar em outro setor mais importante; então você tem uma aprendizagem maior, com mais experiência, conhecimento e desenvoltura para chegar a qualquer lugar e desenvolver muito mais. Hoje nós somos gerenciadores do governo, nós somos gerenciadores do município e do dinheiro público. Então os prefeitos são apenas gestores. Cada dia está ficando como se fosse uma empresa, um trabalho que você precisa ter mais responsabilidade e cuidado, nós somos vigiados 24 horas por dia por todos os tribunais, além dos perseguidores, que, às vezes, não compreendem as leis e fazem “politicagem”, porque o que nós precisamos é que as pessoas tenham consciência do que é trabalhar e do que é criticar, porque criticar é muito fácil, agora sentar e ter a responsabilidade e dever cumprido é outra coisa.


JE - Em Anapurus, o ano letivo sempre foi iniciado tardiamente e isso perdurou até os dias atuais. O que impossibilita a iniciação do ano letivo na data regular?

Tina Monteles - Não é só em Anapurus que acontece isso, e sim em todos os municípios do Brasil. Não inicia tardiamente, e sim porque todos os finais de cada semestre, nós precisamos fazer um levantamento para o melhoramento das escolas. Nós pedimos para o secretário de educação do estado pelo FNDE (Fundo Nacional de Educação), o processo de licitação, e essa licitação demora. É por isso o motivo das aulas se iniciarem um pouco tarde, mas serão compensadas nos meses de junho e julho.


JE - A gestão anterior divulgava constantemente a aquisição de equipamentos para realização de exames de raio-x. O seu governo também fez a mesma exaltação. Por que, até o momento, a sala de raio-x  nunca foi utilizada?

Tina Monteles - O primeiro motivo foi que deixei R$200000,00 (duzentos mil reais) para a compra de equipamentos, incluindo raio-x e ultrassom para laboratório de análises clínicas. Anapurus tem somente 14 ou 15 mil habitantes, e em todas as cidades com menos de 20 mil habitantes há saúde básica, e não plena. Saúde Plena é para cidades com mais de 20 mil habitantes, ou seja, sua capacidade inter-hospitalar é melhor. Saúde básica é aquela que faz os pequenos procedimentos e que o município não pode realizar cirurgias; mas nós realizamos, pois consegui uma liberação do Estado. Na gestão anterior, quando eu deixei esses recursos ao governo para que ele pudesse comprar os equipamentos, o mesmo não comprou equipamentos de qualidade, pois não fez a compra diretamente do representante, como deveria ser. Assim, compraram equipamentos de má qualidade. O que aconteceu, é que eles compraram aparelhos velhos e usados, e quando a inspeção do SUS (Sistema Único de Saúde) chegou, concluíram que a sala estava impossibilitada de realizar os procedimentos que ali estavam sendo feitos. Isso fez com que a sala de raio-x fosse fechada.


JE - Algumas edições do Jornal Estudantil retrataram a situação por que passa o esporte anapuruense. E isso está diretamente ligado às más condições dos centros esportivos da cidade, ou seja, a quadra poliesportiva Lindoval Vieira e o Estádio Batistão. Como atual gestora, qual a explicação que a senhora dá a sociedade sobre a falta de investimentos nessa área?

Tina Monteles - Isso já vem desde a gestão anterior. Eu tenho que construir imediatamente o Ginásio Poliesportivo, que ficou dilapidado e sem prestações de contas. Entrei na justiça para poder terminar o Ginásio, que eles não concluíram. Fizeram uma obra inacabada. Também tenho que reconstruir o Estádio, que é o sonho do meu marido. Novamente, eles começaram as obras e não concluíram, e por isso a Caixa Econômica Federal não aceita de forma alguma nenhum governo reiniciar obras de uma gestão passada, sem que o governo anterior preste suas contas. Passei um ano e meio pedindo a liberação para que possamos terminar as obras, e só agora que estou recebendo a documentação necessária. 


JE - Como você avalia o seu mandato, do período 2009 até hoje, e o que a senhora gostaria de ter feito e não conseguiu nesse período?

Tina Monteles - Eu fiz muita coisa, porque recuperei o meu mandato de quatro anos. Passei um ano e meio prestando contas do governo anterior e tirando as inadimplências que ficaram. Estou até hoje recebendo perseguições da justiça, e isso tudo desgasta e cansa um administrador. Você gasta também para poder fazer seu trabalho, para se defender da justiça por uma coisa injusta e ilegal que você não tenha feito. Mas eles querem atrapalhar o governo a todo tempo. Pensaram que iam me confundir, me denunciando para a justiça. Então acho que fiz muito, recuperando de 2009 até agora todas as obras. A população viu como a prefeitura foi feita, quem construiu e quem acabou com ela; fui eu quem reconstruiu tudo de novo. O hospital também estava na mesma situação. Tive que reconstruí-lo novamente. Vocês estão vendo o Centro de Saúde totalmente destruído, sendo que eu entreguei a eles, na minha gestão anterior, sem nenhum defeito, e mais uma vez estou reconstruindo para deixar para o povo. Reconstruí a Escola Nerci, pois a encontrei na mesma situação das citadas anteriormente; e hoje está totalmente reformada. Ser um gestor é pensar em crescer, multiplicar e continuar um trabalho.


JE - Caso a senhora seja reeleita, quais seriam suas prioridades para o município e qual a mensagem para a população anapuruense?

Tina Monteles - No meu primeiro mandato só existiam seis poços artesianos. Logo após, recebi dezoito poços e coloquei nos povoados; e mais adiante já tinha colocado vinte e um. Quando passaram os quatro anos que deixei em 2004, não foi feito uma cacimba. Os três poços que cavaram, deixaram “jogados”. Hoje, tenho doze poços construídos, e vou partir para 15, 18,21 e 24 poços concluídos até o fim de meu mandato, porque eu tenho o propósito na minha vida de deixar cada povoado com energia elétrica e água potável; e nos povoados maiores colocarmos postos de saúde. Assim estou fazendo. Já fiz três e estou fazendo o quarto na Vereda, e o quinto no São Cosmos. Vou seguindo a minha caminhada, porque tenho o direito de trabalhar até 31 de dezembro. Irei levar as minhas propostas, e o povo vai ver se reconduz a mim ou não. A mensagem que eu tenho a dizer,é para que a juventude não perca a fé e vontade, porque isto é o mais importante; crescendo, multiplicando e procurando sempre os bons, pois se procurar as coisas ruis, será pior.


JE - O pré-candidato a vice-prefeito, o senhor Jandir Motter, afirmou em uma entrevista ao JE, que a senhora não tem compromisso com a cidade, e que, quando o povo necessita falar com a senhora, nunca consegue encontrá-la na prefeitura. Qual a sua justificativa?

Tina Monteles - Essa crítica destrutiva não me abate de forma alguma, até porque todo mundo aqui me conhece e sabe que eu atendo todas as pessoas na minha casa, na rua e em qualquer lugar. Eu nunca fui prefeita de dizer que tenho 10 seguranças e 50 vigias. Meu segurança é Deus, e também é um guia. Nos dias em que eu não estou aqui, é impossível. Se eu não estiver na prefeitura, estou em algum lugar resolvendo alguma coisa, buscando algo para a cidade. Além disso, ele não pode dizer isso porque ele não é daqui; ele não conhece a política daqui e não conhece a cultura do nosso Município. Quem conhece a nossa cultura somos nós, que moramos aqui. Prefeito é aquele que trabalha; e o prefeito que não pode ficar somente sentado aqui em um município pobre, pequeno e sem recurso; você tem que buscar onde tem. Tudo está se modernizando, então todo prefeito tem que se atualizar constantemente. Só posso dizer que não podemos dar ouvidos a essas pessoas, pois são coisas pequenas, e coisas pequenas não abatem as maiores, porque as coisas de Deus são mais importantes do que as coisas do demônio.


NOTA: Após o fechamento dessa matéria, o TCE/MA divulgou uma lista com alguns nomes de políticos considerados inelegíveis nas eleições deste ano. O nome da prefeita Cleomaltina Moreira Monteles estava incluso na referida relação, entretanto, o TCE/MA reconheceu que cometeu um equívoco nesse caso e divulgou uma nova lista na qual foi feita uma retificação pelo Tribunal. Com esse novo posicionamento, a prefeita Cleomaltina Moreira Monteles é excluída da lista de políticos que não poderão disputar as eleições municipais deste ano.

Com reportagem de Fabrina Oliveira, Frank Matheus, Jeicielle Mendes, Karina Bastos, Lilyane Sanny, Tatyelle Monteles e Viviane Vieira.

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